segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Pole Dance ganha cada vez mais adeptas em Santos

Leonardo Costas
Créditos: Bruno Miani
Praticantes da modalidade tentam transformar dança em esporte olímpico

“Quando disse para o meu professor de Educação Física que fazia pole dance, ele me perguntou (ironicamente): ‘Você virou garota de programa? Em qual boate trabalha?’ Eu respondi: ‘Na mesma que a sua mãe”. O exemplo citado por Clecia Moreira Lins, 46 anos, praticante do pole dance, é reflexo do preconceito que a modalidade ainda enfrenta em pleno século 21.

Porém, aqueles que abraçam o preconceito, certamente desconhecem o crescimento da modalidade como atividade física, no Brasil. A cada dia, mulheres de todas as idades se interessam pelo esporte, que pode, inclusive, virar modalidade olímpica.

O pole dance constitui uma modalidade de exercício físico e dança ao redor de uma barra de metal polido. Ela incorpora movimentos de ginástica olímpica, ballet e dança contemporânea, que incluem posições estáticas e movimento. Desenvolve a força dos membros superiores e inferiores do corpo e das costas, área abdominal e firma todos os músculos, utilizando o próprio corpo como resistência.

Eliana Roman, professora de Educação Física e que dá aula da modalidade na academia Studio Fitness, destaca justamente a variedade proporcionada aos praticantes. “A atividade trabalha agilidade, coordenação motora, força, resistência, ou seja, todos os músculos, através de movimentos giratórios, transitórios e estáticos. As alunas chegam ao seu limite físico”.

Por ser uma atividade aeróbica constante, é difícil precisar quantas calorias se perde em uma aula. Segundo Verena da Silva Vaz, professora do Love Estúdio de Pole Dance, os primeiros resultados aparecem no corpo em 90 dias. “Depende do organismo de cada pessoa, mas em torno de três meses já se nota alguma diferença”.

Entretanto, apesar de focar o fitness, ambas as profissionais não deixam de trabalhar a sensualidade. “Há mulheres que nos procuram visando a parte da dança, em busca de algo especificamente para o marido”, ressalta Verena.

Eliana reforça que a modalidade tem diversas versões e que a sensual é uma delas. “Como se trata de uma dança coreográfica com movimentos, é perfeitamente natural a mulher explorar esse lado para se sentir bem. Até porque a sensualidade significa a busca do eu interior”.

Aliás, foi justamente pensando no ex-parceiro, que Clecia procurou a modalidade. Porém, com o tempo, viu as melhoras em seu corpo. “Queria fazer uma surpresa para o namorado. O relacionamento acabou, mas continuei na atividade que, para mim, se tornou uma ginástica”.

Sem limite de idade
A gerente comercial Evelyn Arakaki, 23 anos, admite que o pole dance também lhe trouxe uma série de benefícios. “Vim por vaidade, justamente pela questão da sensualidade, mas percebi que se trata de um conjunto, que é possível explorar o lado muscular”.

Já Yuri Shiota, 29 anos, procurou por curiosidade. “Aí fui tomando gosto para aprender as acrobacias. A sensualidade vem em segundo plano”.

A estudante Roberta dos Reis, 27 anos, tem como objetivo a parte aeróbia. “Minha finalidade são os exercícios. Antes de ingressar, li muito a respeito e descobri, inclusive, que o atrito da pele com a barra provoca uma espécie de drenagem linfática”.

A empresária Marcia Almeida, 64 anos, mostra que não há idade para começar no pole dance. “Entrei para fortalecer a mão, que havia quebrado. E o que começou como exercício, me fez bem psicologicamente. Claro que não viro de cabeça para baixo como as meninas mais novas. Mas eu me sinto mais bonita, mais leve, sensual. Esqueço que tenho 64 anos”.

Preconceito
Apesar da quantidade crescente de praticantes, o pole dance ainda enfrenta barreiras na sociedade, conforme explica a professora Eliana. “Comecei a dar aulas em 2006 e tinha que trabalhar em ambientes fechados (sem grandes divulgações). Hoje está melhorando, mas o preconceito ainda está presente e não consigo entender os motivos. As pessoas têm que saber que existe uma linha tênue entre sensualidade e vulgaridade”.

Para Verena, o preconceito vem por causa do histórico da modalidade. “O pole dance chegou no Brasil com as stripers. Por sua origem aqui, as pessoas associam sua prática a imagem das stripers. Mas, aos poucos, estamos mostrando que é uma atividade física como outra qualquer”.

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